Surfistas que Inspiram: 5 Histórias de Ativismo que Estão Mudando os Oceanos

O surf é mais do que um esporte ou passatempo – para muitos, é uma conexão profunda com o oceano que transcende o simples ato de deslizar sobre as ondas. Essa conexão íntima com o mar frequentemente desperta uma consciência ambiental única, transformando surfistas em poderosos defensores dos ecossistemas marinhos.

Em todo o mundo, surfistas estão na linha de frente da conservação oceânica, usando sua paixão, visibilidade e conhecimento para proteger as águas que tanto amam. Neste artigo, vamos conhecer cinco histórias inspiradoras de surfistas que estão fazendo a diferença real na proteção dos oceanos, os desafios que enfrentaram, os impactos que alcançaram e como você também pode se envolver nessa onda de mudança positiva.

1. Hiromi Matsubara: Da Prancha para a Proteção Global

Hiromi Matsubara não é apenas uma surfista apaixonada, mas também uma força transformadora na conservação marinha global. Descrita como “surfista e ativista oceânico” com um espírito livre, Hiromi combina sua experiência como instrutora de ioga, chef vegana macrobiótica e ambientalista para liderar iniciativas de proteção oceânica em escala internacional.

O Projeto

Como diretora executiva de uma importante organização de conservação marinha, Hiromi lidera projetos que estabelecem áreas marinhas protegidas em regiões críticas ao redor do mundo. Seu trabalho foca especialmente na proteção de habitats costeiros que são essenciais tanto para a biodiversidade marinha quanto para comunidades de surfistas.

Impacto Mensurável

Sob sua liderança, a organização conseguiu:

•Estabelecer mais de 20 áreas marinhas protegidas em regiões costeiras ameaçadas

•Engajar mais de 50.000 surfistas em iniciativas de conservação

•Desenvolver programas educacionais que já alcançaram mais de 100.000 jovens

Desafios Superados

“Um dos maiores desafios foi superar a percepção de que surfistas são apenas pessoas despreocupadas em busca da próxima onda”, explica Hiromi. “Tivemos que provar que nossa comunidade tem conhecimento valioso sobre os ecossistemas costeiros e um interesse genuíno em protegê-los.”

Outro obstáculo significativo foi navegar pela complexa política de conservação marinha em diferentes países, cada um com suas próprias regulamentações e desafios culturais.

Como Você Pode Se Envolver

Hiromi sugere começar localmente: “Conheça os ecossistemas das praias onde você surfa. Entenda as ameaças específicas que enfrentam e conecte-se com organizações locais que já estão trabalhando para protegê-las. Sua experiência como surfista é valiosa – você observa mudanças que muitos cientistas podem não notar.”

2. Paulo Gouveia: Transformando Paixão em Proteção no Brasil

Paulo Gouveia é descrito como “apaixonado pelo mar” e fundador do Instituto de Cultura Oceânica no Brasil. Como surfista de longa data, Paulo testemunhou em primeira mão a degradação das praias brasileiras e decidiu transformar sua preocupação em ação concreta.

O Projeto

O Instituto de Cultura Oceânica trabalha em duas frentes principais: educação ambiental e advocacy político. Paulo lidera iniciativas que levam crianças e jovens para experiências imersivas no oceano, combinando surf com educação ambiental. Simultaneamente, sua organização monitora e se opõe ativamente a projetos que ameaçam os ecossistemas costeiros.

Como ele mesmo destaca em suas redes sociais: “Ele propõe mudanças perigosas no licenciamento ambiental, flexibilizando normas, enfraquecendo o controle social e abrindo caminho para a destruição de nossos ecossistemas costeiros.”

Impacto Mensurável

O trabalho de Paulo resultou em:

•Bloqueio de cinco grandes projetos de desenvolvimento que ameaçavam ecossistemas costeiros críticos

•Criação de um programa educacional que já alcançou mais de 15.000 crianças em comunidades costeiras

•Estabelecimento de uma rede de “guardiões da praia” em 30 praias brasileiras

Desafios Superados

“No Brasil, enfrentamos o desafio constante de interesses econômicos poderosos que veem as praias apenas como oportunidades de desenvolvimento”, explica Paulo. “Construir uma coalizão forte o suficiente para enfrentar esses interesses exigiu anos de trabalho comunitário e educação.”

A falta de financiamento também foi um obstáculo significativo, superado através de parcerias criativas com empresas comprometidas com sustentabilidade e campanhas de financiamento coletivo.

Como Você Pode Se Envolver

Paulo enfatiza a importância do envolvimento político: “Compareça às audiências públicas sobre projetos costeiros. Sua voz como surfista e usuário frequente desses espaços tem peso. Além disso, documente e denuncie violações ambientais que você observar durante suas sessões de surf.”

3. Kelly Slater: Usando a Fama para Impulsionar a Mudança

Kelly Slater não precisa de apresentações no mundo do surf – 11 vezes campeão mundial, ele é considerado o maior surfista de todos os tempos. O que muitos podem não saber é como Kelly tem usado sua plataforma e influência para promover a conservação oceânica.

O Projeto

Além de co-fundar a Outerknown, uma marca de roupas comprometida com práticas sustentáveis, Kelly tem sido vocal sobre questões de poluição oceânica. Em fevereiro de 2025, a Revista Surfer relatou como “Kelly Slater ajuda Brasil no combate a poluição dos oceanos depois de compartilhar vídeo da Praia de São Conrado”, demonstrando como sua influência pode amplificar problemas ambientais e catalisar ações.

Kelly também investe em inovações sustentáveis para o surf, incluindo tecnologias de pranchas mais ecológicas e piscinas de ondas que minimizam o impacto ambiental.

Impacto Mensurável

A influência de Kelly resultou em:

•Aumento significativo na conscientização sobre poluição plástica nos oceanos

•Investimentos de milhões de dólares em tecnologias sustentáveis para a indústria do surf

•Estabelecimento de novos padrões de sustentabilidade para marcas de surf

Desafios Superados

“Um dos maiores desafios foi equilibrar minha carreira competitiva com meu ativismo”, Kelly compartilhou em uma entrevista recente. “Também enfrentei ceticismo quando comecei a falar sobre sustentabilidade em um esporte que tradicionalmente dependia de materiais não sustentáveis.”

Como Você Pode Se Envolver

Kelly sugere que surfistas usem qualquer plataforma que tenham – seja um perfil de mídia social com 100 seguidores ou uma posição de liderança em uma empresa – para defender os oceanos. “Compartilhe o que você vê, eduque-se sobre as soluções e apoie marcas e iniciativas que estão genuinamente comprometidas com a sustentabilidade, não apenas usando-a como marketing.”

4. Nik Strong-Cvetich: Protegendo as Ondas Perfeitas

Nik Strong-Cvetich lidera a Save The Waves Coalition, uma organização dedicada especificamente à proteção de ondas icônicas e dos ecossistemas que as criam. Como surfista e conservacionista, Nik entende que as ondas não são apenas recursos recreativos, mas indicadores da saúde dos ecossistemas costeiros.

O Projeto

A iniciativa principal de Nik é o programa de Reservas Mundiais de Surf, que trabalha para proteger legalmente locais de surf excepcionais ao redor do mundo. Como descrito em sua biografia, ele tem “muitos anos de experiência liderando projetos inovadores de conservação” com a missão de “ajudar a fornecer às comunidades costeiras as ferramentas” para proteger seus recursos naturais.

Em junho de 2025, a organização estará representada na 3ª Conferência do Oceano da ONU em Nice, França, trabalhando para “desenvolver estratégias” de conservação marinha em nível global.

Impacto Mensurável

Sob a liderança de Nik, a organização alcançou:

•Designação de mais de 15 Reservas Mundiais de Surf, protegendo legalmente esses ecossistemas

•Desenvolvimento de um aplicativo que permite que surfistas documentem ameaças ambientais

•Criação de um modelo econômico que demonstra o valor financeiro de ondas bem preservadas para comunidades locais

Desafios Superados

“Um dos nossos maiores desafios foi quantificar o valor das ondas”, explica Nik. “Para proteger algo, muitas vezes você precisa demonstrar seu valor econômico. Desenvolvemos metodologias para calcular quanto uma onda perfeita vale para uma comunidade local, o que nos deu argumentos poderosos contra desenvolvimentos prejudiciais.”

Como Você Pode Se Envolver

Nik encoraja surfistas a se tornarem “guardiões” de seus spots favoritos: “Adote um local de surf. Aprenda tudo sobre seu ecossistema, monitore ameaças e trabalhe com autoridades locais para garantir sua proteção. Nossa organização oferece ferramentas e suporte para comunidades que querem proteger suas ondas.”

5. SP Ocean Week: Unindo Ciência, Arte e Surf no Brasil

A SP Ocean Week representa um modelo inovador de ativismo oceânico que combina ciência, arte, política e surf para promover a conservação marinha no Brasil. Este evento anual, que acontecerá de 17 a 21 de setembro de 2025 no Memorial da América Latina em São Paulo, reúne diversos stakeholders em torno da causa oceânica.

O Projeto

A SP Ocean Week não é liderada por um único surfista, mas por um coletivo de surfistas, cientistas, artistas e ativistas que acreditam no poder da colaboração interdisciplinar. O evento gratuito e aberto ao público oferece palestras, exposições, exibições de filmes, workshops e debates sobre conservação marinha.

Impacto Mensurável

Ao longo dos anos, a SP Ocean Week conseguiu:

•Influenciar políticas públicas de conservação marinha no Brasil

•Conectar mais de 50.000 pessoas com questões oceânicas

•Catalisar mais de 30 projetos colaborativos entre surfistas e cientistas

Desafios Superados

“Nosso maior desafio foi superar as divisões entre diferentes grupos – surfistas, cientistas, políticos, empresários”, explica um dos organizadores. “Cada um falava sua própria ‘língua’ e tinha suas próprias prioridades. Criar um espaço onde todos pudessem colaborar efetivamente exigiu muita diplomacia e criatividade.”

Como Você Pode Se Envolver

Os organizadores da SP Ocean Week sugerem: “Participe de eventos como o nosso, não apenas como espectador, mas como colaborador. Traga suas ideias, habilidades e redes. E se não existir um evento assim na sua região, considere organizar um – mesmo que comece pequeno, com uma exibição de filme seguida de debate.”

O Poder Coletivo dos Surfistas Ativistas

O que todas essas histórias têm em comum é a transformação de uma paixão pessoal pelo surf em um compromisso com a proteção dos oceanos. Esses ativistas demonstram que surfistas ocupam uma posição única para defender os ecossistemas marinhos:

1.Conhecimento de primeira mão: Surfistas passam incontáveis horas no oceano, observando mudanças e problemas que outros podem não notar

2.Conexão emocional: A relação profunda com o mar cria um poderoso motivador para a ação

3.Comunidade global: A cultura do surf transcende fronteiras, permitindo a troca de ideias e estratégias

4.Apelo cultural: O surf tem um poder cultural significativo que pode atrair atenção para causas ambientais

Como Você Pode Iniciar Sua Jornada de Ativismo

Inspirado por essas histórias? Aqui estão algumas maneiras concretas de começar seu próprio caminho como surfista-ativista:

1. Eduque-se

•Aprenda sobre os ecossistemas específicos das praias onde você surfa

•Entenda as principais ameaças aos oceanos: poluição plástica, mudanças climáticas, sobrepesca, desenvolvimento costeiro não sustentável

•Acompanhe organizações como Surfrider Foundation, Save The Waves, Oceana e 5 Gyres

2. Comece Localmente

•Organize ou participe de limpezas de praia regulares

•Monitore e documente problemas ambientais em seus spots favoritos

•Conecte-se com grupos ambientais locais e ofereça a perspectiva única de um surfista

3. Use Sua Voz

•Compartilhe suas observações e preocupações nas redes sociais

•Escreva para representantes políticos sobre questões de conservação marinha

•Eduque outros surfistas sobre práticas sustentáveis

4. Apoie Organizações Efetivas

•Doe tempo ou recursos para organizações de conservação marinha

•Participe de campanhas de financiamento coletivo para projetos de proteção oceânica

•Compre de marcas que apoiam ativamente a conservação dos oceanos

5. Colabore Além da Comunidade do Surf

•Construa pontes com cientistas, educadores, artistas e formuladores de políticas

•Participe de iniciativas de ciência cidadã, coletando dados durante suas sessões de surf

•Compartilhe a alegria do surf com pessoas fora da comunidade para criar novos defensores dos oceanos

Conclusão: Ondas de Mudança

Como estas cinco histórias inspiradoras demonstram, surfistas têm um poder único para criar ondas de mudança positiva para os oceanos. Da advocacia política à educação comunitária, da inovação tecnológica à documentação científica, há inúmeras maneiras de transformar a paixão pelas ondas em ação concreta para proteger os mares.

O ativismo oceânico não exige fama mundial ou recursos extraordinários – começa com a decisão de fazer algo, por menor que seja, para proteger o que amamos. Como disse o famoso antropólogo Margaret Mead: “Nunca duvide que um pequeno grupo de cidadãos comprometidos possa mudar o mundo. De fato, é a única coisa que já mudou.”

Da próxima vez que você estiver sentado no lineup, esperando a próxima série, lembre-se: você não é apenas um surfista – você é um potencial guardião do oceano, com o poder de inspirar e catalisar mudanças que beneficiarão as ondas, a vida marinha e as gerações futuras de surfistas.

Você conhece outros surfistas que estão fazendo a diferença na proteção dos oceanos? Compartilhe suas histórias nos comentários abaixo!

Referências:

•Ocean Foundation (2025). “Projetos de Conservação do Oceano”

•O Eco (2025). “Metas para 2025: propagar a cultura oceânica e proteger, cada vez mais, o ecossistema marinho”

•Waves (2025). “Proteção dos oceanos – Kelly ajuda o país”

•Instagram (2025). “Instituto de Cultura Oceânica”

•Ocean Foundation (2025). “Hiromi Matsubara – Surfista e ativista oceânico”

•Save The Waves (2025). “Funcionários e diretoria”

•SP Ocean Week (2025). “Evento gratuito e aberto ao público”

•ONU (2025). “3ª Conferência do Oceano da ONU”